Tuesday, March 25, 2008

Extrair a raiz quadrada ao ininteligível Trevo-do-Mar

Por entre sacrifícios impostos aos mais pobres pelos mais ricos e no labirinto dos medos de uma derrocada económica, erguem-se os fantasmas do passado: o regresso da repressão, a intimidação constante, a recusa do debate sério e a arrogância dos que tudo podem, querem e mandam, assim tem sido a governação pearcense dos últimos anos.
El-rei Trevo-do-Mar faz gala em exibir o seu despotismo e em zurzir os fracos com o chicote do Poder, de certo modo, surpreende que assim seja: as novas eleições são de aqui a um pouco mais que um ano e muito dificilmente o povo do reino pearcense repetirá os erros do passado.
Que sentido fará, então, esta política de verdadeiro suicídio eleitoral?
A resposta plausível será esta: as forças que el-rei Trevo-do-Mar verdadeiramente representa contam com importantes alianças ocultas que a seu tempo se revelarão, nomeadamente, os apoios extremos de um “certo capital” e o manto protector de uns “acólitos” e “católicos” cúmplices.
Segundo esperam, el-rei Trevo-do-Mar e os seus acólitos, quando chegar a altura própria, o tal “certo capital” e a “católica”, correrão a salvar os arrogantes leigos «trevalistas». Para já, impõe-se preparar a operação e reforçar o “movimento” que possa articular entre si os partidos políticos da direita, os mercados, os “católicos” e a «sociedade civil», tudo com a cobertura fornecida por um jornal local politicamente simpatizante e controlado.
O plano em mente não é propriamente original. Já foi ensaiado noutra altura, com o seu demagógico «Movimento Pearça é a nossa Ração».
Nos bastidores de uma certa esquerda pearcense desiludida trabalha-se aceleradamente nesse mesmo sentido. O casulo da intriga foi publicamente anunciado quando alguns dissidentes do «Pearça é a nossa Ração» ameaçaram constituir listas paralelas às próximas eleições pearcenses tendo como cabeça de lista uma importante personalidade parlamentar «não católica, mas de inspiração cristã».
Nesse sentido criar-se-á em Pearça um novo movimento: o «MPT – Movimento do Pontapé no Traseiro» (ao el-Rei Trevo-do-Mar e à Rainha do Entrudo - Banda das Cruzes Credo) será um movimento que terá um núcleo organizador de dezenas de elementos, em parte anónimos, mas que se sabe provirem de várias áreas de descontentes com o actual estado de governação pearcense.
Confessam o objectivo político e ideológico de aglutinarem os “não comunistas” e irão aparecer à população como um movimento «perito em humanidades».
E declararão aos incautos pearcenses «Nós, meus filhos, somos gente da rua, não temos nada a ver com doutores, somos homens e mulheres comuns, muitos com trabalho social na área das instituições de solidariedade social e nas associações desportivas»
O MPT – Movimento do Pontapé no Traseiro não será um movimento de inspiração cristã, não é esse o critério, embora nesses vários elementos hajam pessoas católicas, (existem católicos em vários partidos, às vezes em partidos inesperados), é convicção do MPT que no reino de Pearça não há partidos católicos. Os católicos têm liberdade de filiação política e não há nenhum partido, nem pode haver, que se assuma como partido de católicos.
O MPT será um projecto sem nenhuma referência religiosa, todos os dados que vão sendo conhecidos encaixam-se perfeitamente na hipótese de que estamos em presença não só do esboço simples de um novo Movimento mas de um plano de reforma do mapa político-partidário pearcense, uma exigência dos asfixiados, cilindrados, esmigalhados e esborrachados por el-Rei Trevo-do-Mar.
Intento megalómano, sem dúvida, mas com a marca evidente de vários tecnocratas descontentes com a actual governação pearcense. À esquerda do «Pearça foi a nossa Ração”, o MPT deverá funcionar como movimento charneira, fazendo a ponte entre os vários interesses que imperam em Pearça, disfarçando-se com uma leve maquilhagem demagógica e epistolar, o MPT procurará encurralar e cilindrar os comunistas, arqui-inimigos não só de el-rei Trevo-do-Mar como do «Movimento Pearça foi a nossa Ração”.
Toda esta invasão dos acessos ao poder terá de ser faseada, desenvolvida pouco a pouco, grão a grão, como quem faz uma sopa. Mas deverá ser exacta e funcionar a curto prazo.
Fácil é já prever que o MPT irá contar com orçamentos ilimitados e absorverá os militantes fugidos ao desabar da direita política convencional, de uma certa esquerda desempregada e revisionista, dos oportunistas políticos (vira-casacas) e de alguns «cristãos» desavindos com el-Rei Trevo-do-Mar.
É claro que, neste momento, os factos essenciais não estão ainda consumados. É importante, porém, que observemos com atenção este panorama de intriga, que equacionemos os seus perigos e que saibamos extrair a raiz quadrada àquilo que se prepara.

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