Saturday, June 16, 2007

Aeroporto

Palácio Real de Piarça, no seu gabinete recém remodelado com uma nova secretária, uma mesa de reuniões fabricadas, propositadamente para si, com madeiras exóticas, com cortinados novos e um lustre de cristal de Murano parecido com aquele que tinha no seu castelo no Escondidinho, sua majestade refletia naquela manhã chuvosa de Junho.
Trevo do Mar: pensa, pensa tens que surpreender porque Piarça já voltou ao marasmo e os súbditos precisam de temas de conversa e os cortesões, para não dizer bufos e lambe botas, precisam de estar ocupados em coisas que não em conspirações contra mim.
De repente levanta-se energicamente da cadeira e grita:
Trevo do Mar: Eureca, descobri.
Depois do grito, e com receio da possibilidade de alguém o ter ouvido e o considerar doido, caminha directamente para a porta do gabinete abre-a vagarosamente e espreita para o corredor para ver se alguém se aproxima.
Verificou com satisfação que nada de anormal se passara, fecha de novo a porta,
dirige-se para a sua cadeira nova senta-se, e com um sorriso de orelha a orelha, olha para o seu telegrafo de secretária pega-lhe e começa a marcar os nove números mágicos, que tinha consultado na sua agenda pessoal, que poderiam mudar para sempre o seu futuro.
Ao seu ouvido chega o som característico de chamada dos telégrafos e repentinamente alguém fala ao seu ouvido – estou sim bom dia.
Trevo do Mar responde: Bom dia meu caro amigo António Posta fala Trevo do Mar e precisava de um favorzinho teu.
António Posta: Como está majestade de Piarça, o que posso fazer por si?
Trevo do Mar:: Estou bem obrigado, eu precisava que me conseguisse uma entrevista com o ministro dos aeroportos Sheik Rário-al-Rino e se possível com o Vizir Mezé-el- Liócrates.
António Posta: Com certeza majestade os seus pedidos para mim são ordens, vou fazer umas telegrafadas e já lhe ligo.
Trevo do Mar desliga e volta a concentrar-se agora noutros assuntos, nomeadamente nuns documentos que tinha na sua frente e que tinha retirado duma pasta de cartão com o brasão do reino, com a indicação de confidencial a verde.
Estava tão concentrado na análise daqueles importantes documentos que quase saltou na cadeira quando o telegrafo de secretária tocou.
Trevo do Mar: Estou sim, ora diga de sua justiça meu amigo.
António Posta: Majestade o senhor è uma pessoa de sorte o Sheik Rário-al-Rino pode recebe-lo amanhã de manhã e o Vizir Mezé-el- Liócrates à tarde.
Trevo do Mar: Obrigado meu amigo não me esquecerei destes favores.
Trevo do Mar desliga o telegrafo e, logo após, liga para o seu motorista particular e bem assim como para o chefe da sua guarda pessoal para prepararem a sua deslocação a Ulipsseia.
Ulipsseia palácio do Sheik Rário-al-Rino, na ante camara do seu gabinete particular, Trevo do Mar observa todo luxo, retirando ideias para aplicar no seu castelo do Escondidinho, quando de repente uma voz o chama a realidade e lhe diz que pode entrar.
Trevo Do Mar: Com licença Sheik Rário-al-Rino, obrigado por me ter recebido tão rapidamente e desde já o meu pedido de desculpas por lhe tomar o seu precioso tempo.
Sheik Rário-al-Rino: Por quem sois Majestade è sempre uma honra recebe-Lo nesta sua casa.
Mas dizei-me em que posso ser-lhe útil.
Trevo do Mar: Bom o que me trás aqui pode resolver um problema que nos afecta aos dois.
Sheik Rário-al-Rino:De que se trata Majestade?
Trevo do Mar: Passo a explicar o senhor anda a braços com o problema da localização do novo aeroporto internacional, ele è a Rota, o Muchete enfim um sem numero de localizações que nunca mais acabam, pois eu acho que tenho a solução para o problema.
Sheik Rário-al-Rino E qual seria a solução?
Trevo do Mar: Pois para mim nem Rota nem Muchete mas sim Piarça. Por acaso até trouxe uns estudos feitos por técnicos independentemente dependentes da minha pessoa, que tenho o prazer de lhe deixar.
Sheik Rário-al-Rino: Obrigado pela sua cortesia e prometo-lhe que vou analisar cuidadosamente os documentos que me trouxe e desde já lhe agradeço a sua disponibilidade para a resolução deste desígnio nacional.
Trevo do Mar: Bom não o maço mais e obrigado mais uma vez.
Sheik Rário-al-Rino: Não maçou nada foi um prazer.
Palácio do Vizir Mezé-el- Liócrates se o luxo no palácio de Rário-al-Rino era de deixar qualquer um de boca aberta então ali nem em o sonhos o Trevo teria podido imaginar.
Centenas de pessoas circulavam de um lado para o outro aparentemente muito ocupados com assuntos da mais alta importância.
Enquanto aguardava Trevo do Mar ia pensando na conversa que iria ter com o Vizir, até que uma secretária se lhe dirigiu para o acompanhar ao gabinete do governante.
Faça favor de me acompanhar Majestade disse ela.
Trevo do Mar chegou-se para o lado ao mesmo tempo que dizia: as senhoras primeiro aos mesmo tempo que pensava para com os seus botões uma destas è que gostava de ter lá em Piarça, o Vizir tem cá uma sorte porque até nisto è tudo material topo de gama.
A secretária chegou ao fundo de corredor alcatifado com as paredes decoradas com quadros representativos da moderna pintura portuguesa, que o Trevo do Mar há muito tempo vinha cobiçando para o seu castelo particular, bateu à porta, retirou-se para o lado, abriu-a ao mesmo que colocava o seu melhor sorriso que quase provocava um ataque cardíaco ao Trevo, e disse: faça o favor de entrar Majestade o Vizir Mezé-el- Liócrates espera-o.
Trevo do Mar penetrou no luxoso gabinete e pensou: mão admira que não haja dinheiro para nada com um gajo destes a gastar assim em luxos, mas afivelou o melhor dos seus sorrisos e disse:
Trevo do Mar: Como está o meu caro amigo Vizir Mezé-el- Liócrates?
Mezé-el- Liócrates : Bem obrigado Trevo mas diz-me que ideia è essa do aeroporto ser em Piarça?
Trevo do Mar: Bem Mezé não te vou falar de estudos técnicos porque esses deixei-os com o Rário, mas sim de outras coisas mais importantes.
Olha para começar em Piarça ficamos perto de Ulisseia e com uma ligeira reconversão das estradas ficamos ligados a autoestrada .
Depois não temos impedimentos de ordem ambiental não existem lá jazidas aquiferas, não passa por lá nenhuma rota de migração de aves, a própria zona industrial do reino deita, nas suas proximidades, um cheiro tão bom que se organizam excursões para as pessoas desfrutarem de um aroma tão benéfico para a saúde.
Tanto assim è que vamos começar a entradas para o espaço.
Depois e por ultimo o meu pai è proprietário dos terrenos onde, por acaso e só por acaso, os técnicos independentes, que fizeram o estudo que entreguei ao Rário, dizem ser os indicados para a construção do futuro aeroporto.
Como podes ver são tudo boas razões para a construção do futuro aeroporto em Piarça defendendo sempre, claro está, os interesses do Império
Ah! quase me esquecia que uma das características do meu pai è ser bastante generoso com os amigos em particular e com o partido em geral.
Mezé-el- Liócrates: Meu caro amigo ouvi atentamente a tua explicação, especialmente os dois últimos argumentos,e podes estar certo que a candidatura de Piarça será levada em linha de conta e mais ainda se depois, sem querer influenciar em nada como è óbvio, na altura da construção as empresas admitidas ao concurso para concretização do projecto forem as que eu inadvertidamente indicarei.
Trevo do Mar: Podes contar com isso a final para que servem os amigos, não è verdade?
Mas olha e o Califa Adival Silva não vai colocar obstáculos? Ele è um picuinhas e è bom nas contas.
Mezé-el- Liócrates: Não te preocupes que com esse porque a cooperação estratégica está bem e recomenda-se e se não for assim vou para os jornais chorar-me e acusá-lo de criar obstáculos à minha boa governação.
Bom meu amigo agora vai e fica descansado porque ou muito me engano ou Piarça vai ter um aeroporto internacional e um rei ainda mais rico do que antes.
Abraçaram-se mas o Trevo não podia sair dali sem dizer o que lhe estava atravessado na garganta e por isso disse.
Trevo do Mar: Olha lá Mezé não podias dispensar-me algumas daquelas secretárias que tens por aqui que são podres de boas?
Mezé-el- Liócrates:Tá bem, o que não faço eu por ti, vou mandar-te algumas por destacamento lá para o Reino de Piarça.
E assim Trevo do Mar saiu do palácio do Vizir com a sensação de mais uma tremenda vitória para si e para o seu dilecto pai.
Ficaria na história por todos estes feitos realizados.