ARQUIVOS REAIS

Paço Real de Piarça, sala do trono, el-rei Trevo do Mar faz o habitual despacho diário quando D. Banda Cruz Credo entra.

D. Banda Cruz Credo: Com licença Majestade

Trevo do Mar: Com licença o que já entraste! Diz lá rápido, olhando para o relógio de ouro oferecido por um plebeu reconhecido, porque tenho a agenda muito sobrecarregada e depois ainda tenho de sair no BMWC da Germanias num passeio até Ulipsseia.

D. Banda Cruz Credo: Saiba Vossa Majestade que ando muito preocupada com o atraso que se verifica no acabamento dos novos Arquivos Reais, já muitos plebeus me andam a chatear na rua, isto quando não ando no coche do reino, e até o meu fiel aio Rúymo Gastar não me larga a berguilha e não sei que dizer.

Trevo do Mar: Ah é sobre isso? Não te disse já para não me chateares com esse assunto? Já te disse que quem trata desses assuntos das obras do reino é o Porreirinha, que agora não há reais no cofre porque os que vieram já foram gastos para pagar os novos coches do reino e nas minhas deslocações (em passeio, pensou) imprescindíveis ao benefício do reino que efectuei ao estrangeiro mais a minha comitiva. Mas deixa-me chamar o Porreirinha, pegou no telegrafo de mão e disse, Porreirinha chega aqui à sala do trono.

Porreirinha: que se passa Majestade?

Trevo do Mar: explica aqui à Banda Cruz Credo porque não temos ainda Arquivos Reais novos.

Porreirinha: bem Banda ainda não existem Arquivos Reais novos porque não existem reais para a muvilha nem para pagar as obras de fora e na melhor das hipóteses só teremos esses reais quando a Falidotejo falir de vez e o reino no lugar de pagar a dívida que lá tem ainda vai mas é receber.
Falta ainda encontrares uma cronista de confiança, e a quem devas favores, para ocupar o cargo de cronista real , pelo andar da carruagem pode ser que para as próximas eleições, durante a campanha eleitoral, os Arquivos Reais novos fiquem prontos.

Trevo do Mar: agora que o assunto está resolvido ponham-se daqui para fora que tenho mais que fazer e a propósito, Banda, diz aí à conselheira da lex que venha cá que é para tratarmos do processo que vou pôr contra a Falidotejo.

Banda Cruz Credo: (entre dentes) a falares assim para mim, julgas que sou tua criada, mas vais ver quando te puder ser boa ainda te lixas com um F bem grande, arranjo maneira de te pôr a andar e, em menos de nada, ocupo o teu lugar que já devia ser meu há muito tempo, esqueceste depressa o que me prometeste, e deves estar esquecido que eu sou a vice-rainha e não descanso enquanto não me sentar nesse teu Trono, seu velho caduco armado em conquistador.